segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tratamento odontológico dos portadores de necessidades especiais

A Especialidade de Odontologia para Pacientes Portadores de Necessidades Especiais (PPNE) foi regulamentada pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) há dois anos. Entretanto, muitos profissionais dedicados vêm praticando esta especialidade ao longo do tempo.

A definição de PPNE foi formulada por associações de diversos países, como a IADH, e significa todo indivíduo que necessite de cuidados especiais por tempo indeterminado ou por parte de sua vida e, seu tratamento odontológico, baseia-se em eliminar ou contornar as dificuldades existentes, em função de uma limitação, seja de ordem mental, física, sensorial, comportamental e de crescimento (GUEDES-PINTO, 1988).


Neste grupo estão incluídos os portadores de diabetes, hipertensão, cardíacos; condições transitórias como a gravidez; pessoas que perderam sua condição de normalidade como as vítimas de acidentes; os deficientes mentais; síndromes e deformidades craniofaciais; distúrbios comportamentais, sensoriais, transtorno psiquiátrico; doenças sistêmicas crônicas e infectocontagiosas; crianças com dependência tecnológica; e outros.


A OMS (1995) avaliou que 10% da população de um país são portadores de algum tipo de deficiência, e afirma que, desse total, mais de 2/3 não recebem nenhum tipo de assistência bucodental (RAVAGLIA, 1997).  No Brasil, o IBGE (2002) indicou que, aproximadamente 24,5 milhões de pessoas, ou 14,5% da população geral, apresentaram algum tipo de incapacidade ou deficiência. Considerando-se que uma família brasileira média é composta de três ou quatro pessoas, teríamos entre 60 e 75 milhões de pessoas envolvidas com os portadores de deficiência.
   
É sabido que o PPNE, por apresentar níveis baixos de resistência orgânica, é sujeito a disseminação de infecções decorrentes de sua má condição bucal, sendo importante o trabalho preventivo educacional realizado pelo cirurgião-dentista e os ensinamentos ministrados aos cuidadores deste paciente. Os PPNE freqüentemente recebem carinho em forma de alimentos açucarados, possuem uma alimentação mais pastosa, usam mamadeira por mais tempo, apresentam deglutição atípica e utilizam medicamentos contendo em sua composição a sacarose ou que podem causar xerostomia (diminuição de saliva) (FOURNIOL FILHO e FACION, 1998).

O tratamento odontológico dos PPNE deve ser sempre realizado em conjunto com a família e por profissional capacitado, além de necessitar de maior número de sessões e um tempo mais prolongado. Estes pacientes têm a necessidade aumentada para o cuidado preventivo com relação à cárie dentária e às doenças periodontais, e esse melhor atendimento exige uma integração multidisciplinar entre as áreas odontológica, médica, psicológica, fisioterápica, fonoaudióloga, etc.

TÉCNICAS DE ABORDAGEM
  • Condicionamento Psicológico: a primeira abordagem odontológica deve avaliar o comportamento do paciente, dos familiares, e o relacionamento entre ambos, assim como as condições médicas preexistentes, para se obter cooperação, antes de quaisquer outros recursos. A contenção física ou química somente é utilizada diante da ineficiência dos métodos psicológicos.
  • Restrição Física: técnica de restrição de movimentos voluntários ou involuntários dos pacientes através de mecanismos como: macri, coletes, lençóis (envelopamento) e a holding therapy (contenção física da criança pelos abraços da própria mãe ou responsável), desenvolvida como parte de uma ampla abordagem e que vem sendo empregada e defendida por um grupo bastante numeroso de profissionais. Para se evitar traumas é preciso a aprovação do paciente e dos responsáveis, obtidas através de explicação detalhada das medidas a serem utilizadas (ELIAS & ELIAS, 2002).
  • Contenção Química: é representada pela sedação em seus diferentes graus, analgesia e anestesia geral e consiste no controle comportamental através de drogas no auxilio do tratamento.
Trabalho Preventivo Educacional        Holding Therapy ou terapia do abraço

TÉCNICAS ALTERNATIVAS

  • Ludoterapia: a arte de brincar, transferindo seus anseios, vontades, expressões através de brinquedos didáticos e psicológicos.
  • Cromoterapia: as cores apresentam influência positiva ou negativa. O cirurgião-dentista que trabalha com pacientes especiais e domina esta técnica apresenta uma grande vantagem sobre os demais.
  • Musicoterapia: técnica auxiliar fundamental no condicionamento desses pacientes, porém lembramos que não se deve realizá-la de forma empírica.
  • Hipnose: utilizada em pacientes que apresentam compreensão e colaboração, porém com fobias ao tratamento.
  • Arte: conceito muito atual, onde pacientes são submetidos a seções de arte plástica (pintura, colagem) momentos antes de sua consulta propriamente dita ao cirurgião-dentista. Há a tentativa de se estabelecer um momento de abstração e relaxamento para no ato do tratamento obter-se um melhor desempenho.
  • Terapia com animais: Cientistas afirmam que os pacientes submetidos à terapia com animais (cachorros, cavalos, gato, coelhos), se sentem menos apáticos e mais motivados para se submeterem ao tratamento.

A Odontologia para pacientes especiais, nesses últimos anos, vem se firmando como uma especialidade latente e respeitada por todas as equipes interdisciplinares. O cirurgião-dentista que se dedica ao tratamento odontológico do paciente especial tende cada vez mais procurar caminhos alternativos, na busca de não fazer o seu paciente dependente de anestesia geral. Desta maneira, a prevenção e a interação profissional/paciente/família trazem um fator a mais a esses pacientes que, por muitos anos, foram esquecidos em todos os seus níveis.




Dr. Rodrigo Lott Guimarães – Especialista em Odontologia para PPNE e em Endodontia
Cristina Marta Ferreira Gradella – Especialista em Odontopediatria (*)


(*)  Capacitação no atendimento de Pacientes Portadores de Necessidades Especiais
      Mestre em Odontologia – Odontopediatria
      Doutora em Ciências Odontológicas – Clínicas Odontológicas
      MBA - Gestão Empresarial e de Negócios
      Coordenadora do Curso de Odontologia da FAMA
      Fundadora do Centro Odontológico e Radiológico Especializado – ODONTOCENTER


Fonte: ODONTOCENTER

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